terça-feira, 19 de abril de 2011

Células Tronco - via Zero Hora

Novo passo contra cegueira

Pesquisadores americanos conseguem, usando células-tronco do próprio 

paciente,regenerar estruturas da retina atingidas pela degeneração macular

A cura para a cegueira provocada pela degeneração da mácula pode estar no organismo do próprio paciente. Pela primeira vez, um estudo mostrou ser possível regenerar as estruturas danificadas em decorrência da idade a partir de células-tronco adultas. Publicada no jornal especializado Stem Cells, a pesquisa do Centro Médico da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, abre a possibilidade de se criar novas células da retina derivadas de estruturas pluripotentes induzidas, aquelas que são manipuladas para se transformarem em qualquer tipo de tecido.

Principal causa de deficiência visual e de cegueira em todo o mundo, a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) tem duas formas predominantes: seca e úmida. A primeira é a mais comum, respondendo por quase 90% dos casos. A doença destrói gradualmente a visão central, necessária para visualizar objetos de forma clara e executar tarefas cotidianas, como ler e dirigir. O avanço ocorre com a morte do epitélio pigmentar da retina, camada escura que alimenta as células do olho.

Embora alguns tratamentos possam ajudar a retardar sua progressão, não há cura para o mal. A descoberta de que células-tronco pluripotentes induzidas (Hips) são capazes de regenerar o epitélio abre caminho para novas terapias, que utilizem células-tronco do próprio paciente na fabricação de um novo tecido para os olhos. Cientistas já imaginavam que isso fosse possível, mas a viabilidade do transplante estava associada à capacidade de os pesquisadores entenderem como células retiradas do paciente poderiam ser reprogramadas para adquirirem as mesmas características do epitélio pigmentar da retina.

A pesquisa realizada pelos cientistas da Universidade de Georgetown mostrou que essa etapa crítica da medicina regenerativa progrediu bastante.

— Essa é a primeira vez que células pluripotentes induzidas foram produzidas com características e funcionamento iguais aos das células que compõem o epitélio pigmentar da retina — disse Nady Golestaneh, professora assistente de Bioquímica Molecular e principal autora do estudo.

Usando uma linhagem de células estaminais — aquelas cuja função ainda não foi estabelecida pelo organismo —, Nady e sua equipe constataram que, reprogramadas, essas estruturas têm fisiologia e funcionamento idênticos aos de um epitélio pigmentar natural.

— A pesquisa ainda não está pronta para ser colocada em prática. Também identificamos algumas questões que precisam ser trabalhadas antes que essas células estejam prontas para o transplante. Mas, no geral, o estudo é um passo enorme na medicina regenerativa — diz.

Outro teste
:: As células-tronco embrionárias também são cotadas como terapia potencial para a cura da degeneração macular relacionada à idade.

:: Em janeiro deste ano, a empresa americana Advanced Cell Technology recebeu autorização da Food and Drug Administration (FDA), o órgão de vigilância sanitária dos Estados Unidos, para realizar testes clínicos com células epiteliais pigmentares da retina derivadas de estruturas embrionárias humanas.

:: A primeira fase do estudo não se destina a investigar a eficácia do tratamento, mas a segurança e a tolerância dos pacientes às células-tronco. Doze pessoas provenientes de diferentes centros clínicos vão participar.

Por que é importante
:: Segundo Robert Lanza, diretor científico da ACT e responsável pelo estudo, com o envelhecimento da população, a incidência da DMRI deverá dobrar nos próximos 20 anos, tornando ainda mais necessárias as pesquisas que visam curar esse mal.

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